O carcinoma, o Jair e o Congresso. Por Sergio Alarcon

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Descobriram um carcinoma em Jair. In situ, sem metástase, retirado a tempo. Na carne, um problema pontual, resolúvel com bisturi e anestesia. No máximo, um susto. O corpo biológico, como se vê, ainda permite controle: remove-se o fragmento doente e, com alguma disciplina, a vida segue – a vida do Jair, no caso, em direção ao cárcere.

Mas o que a medicina resolve com técnica e bisturi, a política insiste em complicar. Porque o verdadeiro tumor não estava na pele de Jair, mas no organismo institucional que ele contaminou.

No Congresso foi diagnosticado cedo. Avisamos. Mas o carcinoma político não era facilmente curável – foi infiltrante, agressivo, e encontrou na máquina parlamentar um tecido perfeito para se espalhar. Jair não governou: ele metastizou. Espalhou células doentes travestidas de deputados e senadores, parasitas de terno e gravata, que se reproduzem em bloco, sempre à procura de mais verbas, mais imunidade, mais blindagem contra a lei, para delinquirem em paz.

Não é exagero clínico: Jair foi o oncogênio da política brasileira. O PL e seus satélites são células mutadas, incapazes de exercer função saudável, vivendo apenas da necrose que produzem.

O corpo legislativo hoje respira por aparelhos. As bancadas bolsonaristas transformaram o Parlamento em laboratório de mutações malignas: é anistia para bandidos, é PEC que blinda parlamentares criminosos e franqueia o Congresso para as organizações criminosas além das do Jair, é avalanche de fake news e discursos tóxicos que intoxicam a opinião pública com pautas antissociais – em nome de um deus que gosta de armas, da família dos biltres e da pátria dos EUA.

O Centrão, que já era um pólipo eterno, virou parceiro da metástase. Não combateu o tumor – preferiu alimentá-lo, como se quimioterapia pudesse ser negociada em emenda parlamentar secreta.

Se a medicina da carne retirou o carcinoma de Jair, a medicina política ainda busca o antídoto contra sua herança antipolítica. O STF tenta cauterizar, mas os tumores resistem. A sociedade civil mobiliza anticorpos, mas o organismo está fraco, corroído por anos de desinformação, ódio e sabotagem institucional.

A democracia brasileira está em quimioterapia. Sobrevive, mas debilitada. Cada sessão da Câmara é uma nova ressonância, revelando o tamanho do estrago: células bolsonaristas que se multiplicam sem controle, corroendo a confiança, drenando recursos, matando políticas públicas. Esperávamos isenção de imposto de renda, taxação de bilionários, conta de luz mais baixa e isenção para vulneráveis, e os cancerígenos votam ajuda para si mesmos, para o PCC, para todas as organizações criminosas, e para a anistia de bandidos condenados…

Jair pode até se curar de seu carcinoma de pele. Não sei, não sou oncologista. Mas o país ainda precisa enfrentar o carcinoma político que ele disseminou. Esse não se resolve com bisturi: exige disciplina democrática, resistência social e coragem de ir às ruas.

Para, em 2026, expulsar as metástases do Jair do Congresso.

Imagem: Reprodução da obra “Bolsonaro”, do alemão Frank Hoppmann, publicado originalmente no jornal Paradox, de Israel, e um dos vencedores do concurso internacional de caricaturas, cartum editorial e desenhos de humor da World Press Cartoon (WPC)

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